Quando a Guerra da Ucrânia começou, um terço dos ucranianos deixou sua pátria para trás. Recentemente, o governo norte-americano fez seus dez mil soldados na Polônia executarem meia-volta volver: para casa! Isto significa que este país ficou ainda mais vulnerável aos russos. Certo político mexicano dissera: “Pobre México, tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos”. No entanto, ao que parece, não é muito cômodo ser vizinho dos russos. Foi realizada pesquisa de opinião, e se constatou que, se a Polônia for invadida e entrar em guerra, o que aconteceu com a vizinha Ucrânia, ocorrerá, igualmente, no torrão polaco, isto é, um terço dos poloneses deixará para trás a terra natal. No outro extremo, pouco mais de 10% da população da Polônia anunciou que se ofertará espontaneamente à conscrição, para lutar por seu país, a qualquer custo, até à morte, se necessário for. Um jovem de vinte e poucos anos foi entrevistado por um repórter, de um órgão internacional de comunicação, e declarou: “Se a guerra for incontornável, sairei daqui para qualquer outra parte, não há nada que valha à pena para lutar por”. Como se vê, os poloneses não são, ao menos em sua maioria, tão patriotas quanto os alemães, a título de comparação. Historicamente, a Polônia tem sido, ao longo dos séculos, espólio de guerra a ser partilhado entre potências militares do entorno. Esse fato explica a origem do estresse de guerra e do estresse da imigração. O baixo nível de patriotismo também espelha o resultado negativo dos conflitos bélicos, em que o país esteve envolvido. As feridas da Segunda Guerra Mundial ainda não foram curadas, e há expectativa de que, pela frente, graves transtornos estão por vir. Uma das perguntas a serem respondidas é esta: para onde irão os polacos? Porque a Alemanha está cheia de ucranianos que, pelos próximos anos, têm certeza de que não serão assimilados. Apesar de a Polônia ser o nono país mais populoso da Europa, com 38,5 milhões de habitantes, e apesar de o polonês ser o segundo idioma eslavo mais falado no mundo, ela tem um território relativamente pequeno, com 322.575 quilômetros quadrados. Desde a época do Império Romano, a Polônia é tratada e tida como apenas mais uma província de algum império em ascensão. Se, realmente, a guerra se expandir, vindo a Polônia a ter participação no conflito, seria a oportunidade para o Brasil marcar presença no cenário global. Assim como recepcionamos haitianos e venezuelanos, poderíamos acolher os poloneses. Com a diferença de que, comparados com os imigrantes a pouco citados, os poloneses estão muito mais habituados a colocar a mão no batente. Quem conhece essa etnia, sabe bem do que estou a falar. Os poloneses têm forte tradição cristã católica, recorrentemente são pessoas simples no viver e no comportar-se, cordatos por excelência. O professor Dr. José Kormann relata a situação de um navio de imigração europeia, que avistou a plataforma continental aqui no Brasil, momento em que pôde ser ouvida uma cascata de estampidos de fogos de artifício. Os recém-chegados encheram-se de alegria, supondo que o evento pirotécnico tinha como objetivo recepcionar-lhes com as boas-vindas. Contudo, o choque de realidade foi grande, ao serem informados de que as detonações tinham como meta comemorar os cinquenta anos da República. Pelo jeito, não foram só os monarquistas que ficaram cabisbaixos neste dia. Por que digo estas coisas? Simplesmente, porque entendo que, não apenas deveríamos nos antecipar ofertando abrigo para este povo amigável, mas deveríamos fazer isto com as honras cabíveis às pessoas mais ilustres. Essa tertúlia merece ser ovacionada. É conveniente que um país pacífico receba pessoas apátridas, assinaladas pelo pacifismo e pelo amor ao trabalho. Pelo que conheço da história da minha própria família, os polacos não têm história ou biografia, eles têm uma verdadeira saga. Inclusive, recomendo que se leia o livro “Saga dos Polacos: a Polônia e seus emigrantes no Brasil”, da autoria de Ulisses Iarochinski. Abrir as portas da imigração aos poloneses, neste momento ou em um momento que se aproxima, traria consigo o potencial de estreitar laços comerciais e de múltiplas cooperações técnicas e políticas em setores estratégicos, não só com a própria Polônia, senão com toda a Europa. O governo federal faz muito bem em viajar para a China e para outros países de economia de escala. Entrementes, é possível que não esteja sendo dada a atenção devida a um país como a Polônia, o tema a respeito do qual estamos dedicando nosso apreço. Particularmente, entendo que o governo dos Estados, sobretudo dos Estados da região sul do país, deveria encabeçar eventuais acordos diplomáticos de transferência de recursos humanos. Essa gente nova haverá de ser luz!