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Pensando a pedagogia e o magistério

Dias atrás, uma educadora brasileira de renome afirmou que o período integral foi articulado para compensar uma escola que era pela metade. Continuando o jogo de palavras – ou seria o jogo de números? – ela itera que não adianta entregar o ruim duas vezes. Notícia circulando na internet também informa que os professores da […]

Por Israel Minikovsky 15 min de leitura

Dias atrás, uma educadora brasileira de renome afirmou que o período integral foi articulado para compensar uma escola que era pela metade. Continuando o jogo de palavras – ou seria o jogo de números? – ela itera que não adianta entregar o ruim duas vezes. Notícia circulando na internet também informa que os professores da rede pública do Estado da Paraíba terão acesso a mestrado profissional em suas áreas de atuação. Isto é valorização do magistério. Eu creio que a assistente social que atua na Secretaria Municipal de Assistência Social deva ser mestra. O advogado inscrito na defensoria dativa deve ser mestre. O contabilista lotado no departamento de recursos humanos do Município deve ser mestre. E não apenas mestre, mas doutor. Naturalizamos a autoridade trajada à moda esporte, abdicando de toda a gala. O sujeito aparece de terno e gravata e se faz o comentário maldoso “fantasiado de noivo”. Até o avô é “o moço”. Generalizou-se a ideia de igualdade plena entre todos os cidadãos. Tudo é normal. Diluiu-se a ideia de autoridade e referência. No entanto, o mestrado e doutorado são cursos fechados. Aliás, o critério de ingresso é bastante alienígena. Sem especificar alguns traços, que deploro, e que constato acompanharem mestrandos e doutorandos, choca ver bons trabalhadores e excelentes pais de família ficarem fora do conjunto dos selecionados. Enche-me de esperança ver um Estado do nordeste do país ter a expertise de ofertar essa formação aos seus servidores. Trata-se de modelo a ser copiado e replicado. O que procuro entender é isso: por que nesse mundo, em que ninguém é alguém, é bloqueado o acesso à qualificação de alto nível? Sim, faço esta pergunta porque se argumenta que estes cursos trazem consigo um diferencial. Não tenho a garantia de ser respeitado por ocupar o espaço social x ou y, porém, a priori, estou ciente de que cursos de mestrado e doutorado têm dono, e eu não sou amigo destes pseudomarxistas, enfiteutas de cátedras. A educação vai mal porque tem dono. O que o governo da Paraíba está fazendo é distribuir o que ainda é largamente monopolizado. Outra notícia confortante reporta-se à aprovação legal que simplifica o processo de reconhecimento e validação de cursos estrangeiros realizados em país do Mercosul. Pela lei, a exigência não ultrapassa muito a averiguação da compatibilidade de grades curriculares e se os critérios do país de origem foram respeitados. Além do mais, não só a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) poderá realizar o exame da documentação, mas também os Institutos Federais. Se o plano é costurar um consenso que caminha para a integração regional, a medida adotada encontra-se entre os afazeres de primeira ordem. A harmonia econômica e política só se viabiliza se for precedida de um pacto semântico. A universalização de conceitos, teorias, estratégias, metodologias e tecnologias são o fundamento do bloco econômico que se pretende consolidar. Por conseguinte, o que se faz na Paraíba afeta não só a nós, catarinenses, mas a Paraguai, Uruguai, Argentina, e, logo mais, Chile e Bolívia, dentre outros. O Brasil é grande. Mas com o Mercosul podemos ser muito maiores. Há cem anos, muitos temiam a universalização da educação básica. Entendia-se que era perigoso viver em uma sociedade onde todos fossem alfabetizados. O medo, agora, é que o leitor de baixa qualidade, no fundo, um analfabeto funcional, seja um leitor empoderado. Quando a sociedade aguardava mestrado e doutorado no formato EAD, para desapontamento, concretizou-se o oposto: cursos de graduação que já vinham sendo ofertados, foram excluídos. O conhecimento é um bem espiritual: quanto mais se partilha, mais ricos todos se tornam, o partilhante e o contemplado pela mercê. Os que seguram a abertura das comportas que represam o conhecimento são aqueles que só enxergam o potencial econômico do saber. A não oferta vem a ser fator de precificação. Precisamos nos organizar politicamente para fazer ruir estas muralhas. Eles perderão o lucro fácil, nós ganharemos a prosperidade, a dignidade, e, acima de tudo, a felicidade. Ousemos saber, ousemos ser felizes! Conhecimento é luz!

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