Frigorífico na região tem 40 dias para abater 7,5 milhões de aves
Empresa recebeu permissão judicial para retomar as atividades do abatedouro
Por Da Redação 18 min de leitura
Caso tem relação com a poluição do rio São Lourenço
Um frigorífico sediado em Itaiópolis, no Planalto Norte catarinense, recebeu permissão judicial para retomar as atividades do abatedouro. A decisão suspende, por 40 dias, parte da liminar concedida que resultou na paralisação das atividades do frigorífico suspeito de lançamento de esgoto não tratado no curso do rio São Lourenço. O período deve ser suficiente para o abate do lote de 7,5 milhões de aves que se encontram alojadas nas granjas dos avicultores.
A determinação da 2ª Vara Cível da Comarca de Mafra também estipulou o prazo de 15 dias para que a empresa apresente plano de ação, com alternativas para a solução definitiva do lançamento do efluente industrial. O plano deve constar, ainda, a descrição das alternativas e o prazo ou cronograma da implementação. A manifestação técnica foi do Instituto Nacional do Meio Ambiente.
Decisão anterior
A decisão anterior, que deferiu pedido de tutela provisória de urgência feito pelo Ministério Público de Santa Catarina para suspender as atividades do frigorífico que geram efluentes, foi embasada em análise e laudo feitos pela Polícia Militar Ambiental, que identificou “significativa proliferação de plantas aquáticas flutuantes, comumente associada a ambientes aquáticos enriquecidos por nutrientes (especialmente nitrogênio e fósforo)”. O que chama a atenção é o denominado “tapete verde” que recobre a barragem da usina São Lourenço, pelas excessivas plantas aquáticas conhecidas como macrófitas.
Multa
Ficou comprovado o despejo pelo frigorífico, no trecho do rio São Lourenço, anterior à contaminação. A decisão também estabelece multa de R$ 1 milhão para cada documento técnico que constate a não redução dos níveis de contaminação informados nos ensaios realizados. A suspensão das atividades volta à vigência após o prazo de 40 dias agora concedido.
Outros envolvidos
Da mesma maneira, a empresa responsável pela gestão do aterro sanitário de Mafra teve as atividades suspensas. Foi constatado que a empresa lança efluente com teor de nitrogênio amoniacal de 674,52 mg/L (o valor máximo permitido pelas normas ambientais é de 20 mg/L).
Consta na decisão que “o aterro sanitário da empresa, ainda que apresente infraestrutura adequada e licenciamento ambiental válido, demonstrou, com base nos resultados das análises, influência negativa na qualidade da água à jusante ao ponto de lançamento, com aumento de carga orgânica e coliformes”. A multa para cada laudo que demonstre a não redução dos níveis de contaminação é de R$ 100 mil.
Planta aquática
Já a concessionária de serviço público responsável pelo lago da usina São Lourenço recebeu o prazo máximo de 30 dias para fazer a retirada mecânica da planta aquática invasora (Salvinia molesta) de todo o reservatório da Usina São Lourenço, sob pena de multa de R$ 100 mil, no caso de descumprimento.
Os responsabilizados receberam, ainda, o prazo de 30 dias para apresentar um plano emergencial de contingência ambiental, com cronograma, metas, comprovação fotográfica e georreferenciada e responsáveis técnicos (ART).
Licenças ambientais
O mesmo prazo foi definido para que juntem nos processos as licenças ambientais, comprovação de cumprimento de todas as suas condicionantes e avaliação atual do parâmetro de Fósforo Total na entrada e saída do Sistema de Tratamento de Efluentes – ETE – e também no ponto de lançamento. A multa prevista para o descumprimento das determinações é de R$ 100 mil.
Outra empresa averiguada, de forma preventiva, foi um curtume situado ao lado da BR 116, em fase de instalação. A empresa foi notificada a apresentar estudo da capacidade suporte do corpo receptor no prazo de 30 dias, a fim de adequar as características do futuro efluente às normas ambientais.
O Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina e a Polícia Militar Ambiental foram determinados para fiscalização conjunta e apresentação de análise laboratorial, a cada 30 dias, a fim de se constatar o cumprimento das sanções.
Análises de água
A constatação foi feita no início de agosto deste ano, quando o frigorífico foi notificado pela Polícia Militar Ambiental a apresentar as análises de água do ponto de lançamento de resíduos – rio abaixo e rio acima – das últimas duas coletas, assim como da movimentação de resíduos. Os documentos não foram enviados. Após análise, a empresa foi notificada, em 25 de agosto, para incluir no seu programa de monitoramento o parâmetro Fósforo Total, a partir de então.
Eutrofização
A macrófita Salvinia molesta causa a eutrofização, que deteriora a qualidade da água levando à morte de animais (especialmente peixes, pela falta de oxigênio para respiração) e de plantas (pela falta de oxigênio e pela falta de luz para a realização da fotossíntese). A espécie se prolifera em águas altamente contaminadas, o que indica a impossibilidade de uso e contato direto com seres humanos e animais.
