Estudar vale à pena? Depende!
Só quem está dentro pode falar!
Por Cleverson Israel 18 min de leitura
Nunca antes foram gravados tantos podcasts falando mal do ensino e da educação. Se o alvo são as universidades públicas, a estratégia é o argumento da doutrinação ideológica. Se, contudo, o alvo é a rede privada, a qual abraçou em grande medida o ensino a distância, a alegação assume o viés da suposta má qualidade. Diante disso, emerge a pergunta: estudar (ainda) vale à pena? A resposta é essa: depende! Depende do quê? Do seu perfil! Você pertence ao time dos batalhadores ou ao time dos fracassados? Que bom que o fato de concluir um curso superior, de per si, não assegure fonte de renda farta e garantida. Isso significa que após a conclusão da graduação você deverá continuar se esforçando. As mídias em geral, sobretudo a televisão, sempre mostram os atletas de alto desempenho como referência e modelo para tudo o que alguém pretenda realizar na trajetória de sua existência. É uma opção bastante feliz, no meu ponto de vista. O esporte é uma arena pródiga de exemplos de dedicação e superação. Dia destes eu lia um sítio de notícias, ali avistando a informação de que Rebeca Andrade, campeã olímpica, que faz terapia desde os treze anos de idade, agora se acha cursando psicologia. Quer mais? Lorrane Oliveira está matriculada no curso de educação física, ao passo que Jade Barbosa estuda marketing. Flávia Saraiva também tem afinidade com comunicação, sendo aluna do curso de publicidade. Se for para importar um exemplo, tem o caso do ex-ginasta holandês Epke Zonderland, que veio a se tornar médico. Nominando estes casos, cai por terra um dos argumentos mais importantes dos críticos da educação e do ensino: a falta de retorno econômico. Os referidos ginastas estão todos muito bem aposentados, não necessitando de uma outra atividade remunerada. Se a única coisa que lhe impulsiona a agir e reagir na vida é dinheiro, poderá acontecer de você não tirar nem para o pedido mensal no supermercado. Dinheiro é bom e necessário. Devemos nos organizar financeiramente. Nossas pretensões, contudo, devem transcender fonte de renda e o estritamente necessário à subsistência. Outro argumento muito utilizado pelos fracassados e preguiçosos mentais é este: por que eu tenho que saber quem foi e o que disse Aristóteles? Por que eu tenho que aprender em biologia que a minhoca é hermafrodita? Por que eu tenho que aprender tantos conteúdos em matemática que não têm aplicação direta na vida cotidiana? Permita-me, amável leitor, lecionar algumas simplicidades. Aristóteles (384-322 a. C.) precisa ser conhecido, dentre numerosas outras razões, por ter sido o grande sistematizador do conhecimento humano no Ocidente. Ele foi uma pessoa tão a frente de seu tempo, que até hoje algumas observações empíricas no campo da biologia não foram superadas. Ele nos legou conhecimentos e reflexões valiosos no campo da ética e da política. Ele redigiu o extraordinário tratado denominado Metafísica, uma joia rara, intranscendível. Os fundamentos de sua lógica, expressos em Organon, permanecem intocados, em que pese toda a crítica que já tecida a respeito. Quanto à minhoca, meu caro, você precisa entender como a vida se organiza nesse planeta. A biologia é uma disciplina chave na área científica. Todos os países desenvolvidos investem pesadamente em ciência e pesquisa científica. No referente à nossa querida disciplina de matemática, devo informá-lo de que todas as ciências da computação, engenharia de software, sistemas de informação, etc, estão calcadas em cálculos. Muito de matemática que se diz não haver aplicação, em verdade, tem sim. O que pode ocorrer é que o seu próprio professor de matemática desconhece a aplicação. Além disso, devo informá-lo de que quando você vai à academia fazer ginástica, pode estar certo de que não encontrará nenhuma profissão em que tenha que reproduzir aqueles movimentos, erguer aqueles pesos, ou demandar iguais esforços. Por que ir à academia, então? Por isso: para você estar disposto, treinado, afiado. Se o corpo precisa ser tirado da inércia, do ócio, do sedentarismo, o intelecto também precisa. Assim como você não fica cobrando do seu professor ou treinador “para que isso?”, de igual maneira, não fique gravando podcasts sem conteúdo e sem alma a fim de pretejar aquelas realidades escolares e acadêmicas que têm conteúdo e que têm alma. Entre graduações, e outros cursos de menor duração, concluí mais de uma centena de cursos, e não me arrependo do que fiz, pelo contrário, estou disposto a ampliar em muito o meu currículo. Pessoas sem graduação estão a dizer que não vale à pena fazer graduação. Com que argumento? Com que experiência ou autoridade moral? Eles falam sobre o que não conhecem. Eu falo sobre o que conheço: vale à pena sim! Trilhar as veredas do estudo é um caminho de muita luz! Só quem passou pela experiência pode falar.