De estrada em estrada: gaúcho vende doces para sobreviver e sonha em casar
Papanduva
Por Jornal Liberdade 9 min de leitura
O gaúcho Dario de Freitas compartilhou com o Jornal Liberdade sua história de vida marcada por desafios, força de vontade e sonhos. Natural de Estrela (RS) – cidade duramente atingida pelas enchentes – e morador de Erechim (RS), Dario roda o Brasil vendendo doces para sobreviver.
“Tenho atrofia, pago aluguel e compro remédios para o tratamento. Do dia 20 ao dia 7 não existe dinheiro em casa. Então vendo doces para complementar a renda e sustentar minha família”, conta.
Essa semana, ele está em Papanduva (SC) com sua equipe. Quando viajam, improvisam estadias em postos de combustível para economizar. “A gente monta barracas nos postos de caminhoneiros”, explica. O transporte é feito em carros, já que a van da equipe está quebrada.
Os produtos comercializados por Dario são tradicionais e de qualidade. “Vendemos torrone e mandolate sem glúten e sem lactose, tudo feitos em Santo Antônio da Patrulha, terra do amendoim. É macio, perfeito para acompanhar o chimarrão, pipoca e até para quem treina, pois contém clara de ovo com proteína”, destaca com entusiasmo.
Ele afirma que está sempre estudando para entender melhor sobre o produto: “A gente tem que estar sempre evoluindo”.
História de vida e novos sonhos
Antes de trabalhar nas ruas, Dario teve outras ocupações. Ele chegou a atuar com panfletagem e publicidade, inclusive com CNPJ próprio, mas a pandemia mudou sua trajetória. “Fiquei sete meses parado sem entregar um folheto e voltei para o Sul quebrado. Isso me fez retornar para as vendas na rua”, relembra.
A rotina não é fácil. Já são dois anos e meio viajando pelo Brasil. Em Papanduva, ele já havia passado, mas não lembra ao certo da primeira vez. Atualmente, está há 12 dias na estrada. Apesar das dificuldades, Dario mantém a esperança: “Não pude casar porque não sobra dinheiro, mas se eu conseguir vender bastante, começo a separar para casar no fim do ano”.
Ele estudou até o primeiro ano do ensino médio e sempre teve facilidade com a língua portuguesa. “Fui bom aluno em português. As pessoas perguntam como eu falo tão bem, acho que é natural. Quem sabe um dia viro jornalista, escritor ou até faço um canal no YouTube com entrevistas”, sonha.
Mensagem para Papanduva
Antes de encerrar a conversa, Dario deixa um recado à comunidade:
“Se vocês me verem pela cidade, trabalhando, meu nome é Dario. Vendo doces para completar a renda e enfrentar minhas dificuldades de saúde. Sou esforçado. Se puderem colaborar, tem desconto e aceito Pix.”
Com humildade e coragem, Dario segue sua jornada pelas estradas do Brasil, acreditando que, com trabalho e fé, realizará seus sonhos.