O Sistema S como ofertante de educação profissional
Gratuidade, na real, é o dinheiro da sociedade bem investido!
Por Cleverson Israel 18 min de leitura
Nunca antes houve uma oferta de conhecimento tão ampla como agora, uma nítida característica de nosso tempo. Instituições que, no passado recente, não ofereciam cursos ao público, começaram a fazê-lo. O Sistema S, composto pelas empresas Senai, Sesi, Senac, Sesc, Sebrae, Senar, Sest, Senat e Sescoop, engajou-se na tendência, inclusive tomando a dianteira e fazendo o processo acontecer, ao invés de, simplesmente, acompanhar o que já ocorre por si só. Evidentemente, o Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, por exemplo, será forte candidato a ofertar um curso de engenharia mecânica, do mesmo modo que o Senat – Serviço Nacional de Aprendizagem de Transporte, muito provavelmente contemplará cursos de condução de veículos e movimentação de cargas. O Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial já está ofertando cursos na área de administração e contabilidade. Na maior parte dos Municípios que conta com polo do Senac, entretanto, estes cursos são ofertados na modalidade de técnicos. Raramente estes cursos têm formato de graduação, leia-se, bacharelado. Eu penso que é uma excelente ideia ofertar os referidos cursos na modalidade “técnico”. Nesse caso, a duração do curso fica em torno de um ano ou um ano e meio. É muito válido para quem cursa, ao mesmo tempo, ensino médio e curso técnico. O que sugiro, é que, mantendo tal como se encontram os cursos técnicos, paralelamente, ofertem-se cursos de ciências econômicas, ciências contábeis e administração no formato de ensino superior (e livre de mensalidades – hoje são praticados mediante mensalidades sociais ou módicas). Quero crer que, quem faz um técnico em administração, acabará se encantando com o conteúdo, dando prossecução na consolidação de sua formação, optando por um dos três cursos a pouco mencionados. Se os gestores do Sistema S estão pensado que não vale à pena ofertar estes cursos, porque eles são encontradiços no formato ead, não se enganem! Um curso cuja mensalidade gire em torno de valores módicos não é o mesmo que um curso integralmente custeado por uma instituição governamental ou paragovernamental. O que está em jogo não é, apenas, uma diferença de R$ 300,00 ou R$ 500,00 mensais. Muito mais do que isso. Um curso sem mensalidade atrai muitos candidatos. Por isso, ele terá número fixo de quota-vaga e será precedido de vestibular ou procedimento que o equivalha. Esse pressuposto inicial, o da seletividade, calcado no mérito, é a linha separatriz, no campo concreto e simbólico. Cria-se uma aura de “curso atrativo de melhor qualidade”. Quiçá, o que mais se aproximaria disso, seriam as universidades públicas. O gratuito de qualidade começa com o pé direito, desde que principia as atividades com os alunos intelectualmente mais aptos, de quem é possível fazer cobranças e exigências acadêmicas de mais alto nível. Acredito que essa sistemática não se choca com o axioma da democraticidade do acesso. Os países desenvolvidos são aqueles em que, de acordo com a média europeia ocidental, em torno de 30% da população tem formação acadêmica, com sólidos conhecimentos conceituais aplicados. Precisamos superar esse modelo, em que os empregados no mercado de trabalho fazem “pela prática”, sem formação na área de atuação, e, lado outro, vemos formados sem emprego. O mentor e o realizador precisam ser uma só e mesma pessoa. Isso vale para a indústria, para o comércio, para todas as atividades econômicas. O ensino superior é muito mais do que uma capacitação a abrir portas nos estabelecimentos produtivos e comerciais da sociedade de que participamos. Ele amplia os horizontes, a fim de que a cabeça de obra, que egressa desses laboratórios mentais, ouse, ela mesma, empreender. Os melhores softwares, que estão disponíveis no mercado, foram criados com a colaboração de artesãos, pintores, poetas, desenhistas, escritores, etc. Não sou empresário e nem comerciante, nunca trabalhei em empresa ou comércio, mas gostaria muito de fazer parte de um curso na área em apreço, pois sou adepto do princípio da relevância da diversidade ideológica. Letras e números são complementares entre si, o analógico e o digital existem um para o outro, a inteligência natural e a artificial são caras-metades. São Bento do Sul é um Município que tem potencial para sediar os cursos retromencionados. Somos uma cidade fortemente industrial e comercial. O progresso vai me alcançar. Espero acordado e atento. Enquanto não estudo isto, estudo coisas outras. Conhecimento não ocupa espaço, ele revoluciona o espaço. É disso o de que se trata. Fazer parte de algo é, dentre outras noções, ter intimidade com as ideias mais importantes e estratégicas de um determinado local e momento. Todo atraso ou descompasso é reflexo da defasagem no campo pensamental. São Bento do Sul pode, deve e merece estar alinhada e sintonizada com os movimentos globais de ponta! Luz!