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A passos largos para o aniquilamento global

Já tardam os esforços pela paz!

Por Cleverson Israel 17 min de leitura

O conflito israelo-palestino estendeu-se para o Irã. Sim, o Irã é um país islâmico. E apoiador do Hamas. Eu não veria problema algum no Islã, senão numa interpretação equivocada e fundamentalista dele. É o caso, salvo melhor entendimento, que identifico no Irã. Enquanto a maior parte dos países islâmicos é sunita, o Irã é xiita. Isto significa que, para os iranianos, quem deve conduzir o Islã são os descendentes de Maomé. A tradição de poder se daria pela subordinação ao genro do profeta. O Irã concebe Israel como um Estado instalado no Oriente Médio, pelo Ocidente, para se apropriar dos recursos energéticos da região. A Revolução de 1979 teria rompido com o “colaboracionismo” com o Reino Unido e com os Estados Unidos da América. Pontuo que, apesar de islâmicos, os iranianos não são árabes. O nome antigo do Irã era Pérsia, e o farsi, o idioma local, é uma espécie de persa moderno. Trata-se de uma civilização de, pelo menos, 2.500 anos, e na Bíblia encontramos várias referências a ela. De acordo com a fala do presidente norte-americano, Donald Trump, a ideia não seria atacar o país, mas mudar de regime, da teocracia para a democracia, libertando o povo iraniano da tirania. A justificativa da agressão militar seria o desenvolvimento de programa nuclear, consistente em enriquecimento de urânio. De fato, o que estraga a vida dos moradores do Oriente Médio são suas riquezas. O Ocidente não consegue conter a própria sanha e a própria volúpia, precipitando-se sobre as riquezas que são de titularidade de outros. O Oriente Médio é o lugar onde mais acontecem as chamadas “guerras por procuração”. As grandes potências colocam o dedo ali, para otimizar o próprio proveito, e quem paga com a vida são os locais, com maior ênfase para os palestinos. O que une países com ideologias tão distintas, como a república iraniana teocrática e a Rússia, um Estado ex-ateu, e agora abraçado ao cristianismo ortodoxo oriental? É simples: o inimigo do meu inimigo é meu amigo. Há os países alinhados aos Estados Unidos da América, e há os países alinhados ao eixo de poder opositor, capitaneado por Rússia e China. O Brasil, sabiamente, tem tirado vantagem dos dois lados. O Irã colocou seus laboratórios, com as centrífugas de processamento de urânio, a muitos metros abaixo do nível do solo, tentando blindar estes espaços de ataques externos. Mas os ianques têm mísseis que perfuram o solo até sessenta metros de profundidade, antes de explodir. A Rússia declarou que apoia o programa nuclear iraniano para fins pacíficos. Até onde, entretanto, iria a tese do pacifismo? A ideia não seria, justamente, armar-se para se fazer respeitado? Sim, pois países que têm armas nucleares mudam de status, passam a ser considerados de outro modo. É o chamado “argumento da dissuasão”. Realmente, se o Irã já tivesse seu arsenal nuclear pronto, Israel e Estados Unidos da América pensariam duas vezes antes de bombardear Teerã. Em um pronunciamento recente, Putin alertou para o risco de uma Terceira Guerra Mundial, e fez questão de deixar bem claro que não se tratava de “uma ironia”. Como os norte-americanos enviaram seis grandes bombardeiros para a região, parece que ninguém quer uma guerra, mas, ao mesmo tempo, ninguém abre mão de exibir seus poderes e recursos bélicos. O poder está trocando de mãos, e ninguém está disposto a aceitar esse resultado passivamente. Os norte-americanos defendem o regime democrático filosoficamente. Eu também sou democrata, na acepção mais ampla do termo. Com efeito, o modo como os iranianos olham para a democracia, reflete uma perspectiva pragmática, bem longe de um ideal político de liberdade. É hábito dos norte-americanos usarem a democracia para infiltrar agentes políticos e, entronizar no poder, alguém que lhes represente seus interesses. Foi exatamente isto o que aconteceu na Ucrânia: Zelensky foi eleito e empossado para atender aos interesses do Ocidente, fortalecendo a OTAN, com mais um membro, e um lugar formidável para a instalação de uma base militar. Os chineses estão recatados, circunspectos e reticentes, mas não nos enganemos, o dragão pode acordar. Depois de 1945, nunca em outro momento, estivemos tão próximos de uma terceira conflagração mundial, e o que se vê é má vontade de todos os lados. O deus deste mundo é o dinheiro. É precisamente esta idolatria que está a comprometer a criação de Deus: o planeta, que é a nossa casa, e a nossa própria integridade. O tríduo big-oil, big-tech e big-money tem levantado estadistas para si, em todos os cantos do planeta. E, para essa hoste, a única coisa que interessa é dinheiro e poder. Assim sendo, estranha que estejamos à beira do aniquilamento total?