SÃO PAULO (SP): município registra quase 49,9 mil casos e 10 mortes por dengue em 2025
Apesar da queda no comparativo com o ano passado, a cidade ainda inspira cuidados, pois está entre os 312 municípios brasileiros com alta transmissão da doença ou número de casos em ascensão.
Por Jornal Liberdade 28 min de leitura
Até a 19ª Semana Epidemiológica — de janeiro a 10 de maio de 2025 — a cidade de São Paulo registrou quase 49,9 mil casos prováveis de dengue, informa o Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde. O número representa uma redução de quase 90% em relação ao mesmo período do ano passado, quando mais de 471 mil paulistanos já tinham sido infectados pela doença.
Os dados mostram que os óbitos também diminuíram. Àquela altura, 400 mortes em decorrência da dengue haviam sido notificadas, ante 10 este ano, uma redução superior a 97%.
Apesar da queda no comparativo, a cidade está entre os 312 municípios-alvo das novas ações de enfrentamento à dengue adotadas pelo Ministério da Saúde. Esse é um dos motivos pelos quais os agentes de saúde e a população paulistana devem manter as medidas de prevenção ao aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
É o que destaca o secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde, Fabiano Geraldo Pimenta Junior. “Para que nós possamos evitar o surto de arboviroses, [é necessária] a sinergia das ações do poder público, com as ações intersetoriais de coberta de lixo, de abastecimento de água, da visita domiciliar dos agentes com as orientações, além de a população destinar dez minutos por semana na nossa casa, no nosso ambiente de trabalho, verificando se existe alguma coisa acumulando água”, orienta.
Mapa da dengue na região metropolitana
A ampliação das ações prioritárias de enfrentamento à dengue para 312 municípios brasileiros teve como principal critério a escolha de localidades com alta transmissão da doença ou número de casos em ascensão.
Outros municípios da Região Metropolitana de São Paulo também fazem parte da lista. É o caso de Diadema. Com cerca de 400 mil habitantes, o município registra 4,7 mil ocorrências prováveis e duas mortes por causa da dengue. No mesmo período do ano passado, haviam sido registrados 7,7 mil casos prováveis e 10 óbitos.
São Caetano do Sul, por sua vez, viu o número de casos prováveis cair de 6,3 mil, no ano passado, para 764, este ano – no recorte até a 19ª Semana Epidemiológica. Os óbitos também diminuíram: de três para nenhum.
Já o município de Mauá, cuja população é de cerca de 380 mil pessoas, notificou 1,3 mil casos prováveis e nenhuma morte pela doença em 2025.
Atendimento precoce
O Ministério da Saúde lembra que a dengue tem como principais sintomas febre alta — entre 39º C e 40º C —, dores de cabeça e/ou atrás dos olhos; dor nas articulações; manchas vermelhas na pele; além de moleza e enjoo.
Ao sentir algum desses sintomas, procure uma Unidade de Saúde imediatamente e evite possíveis internações. O tratamento precoce é fundamental para evitar que a doença se agrave ou leve à morte.
“As arboviroses têm alguns sintomas comuns. São febre, dor no corpo, no caso da dengue, dor ao redor dos olhos, dor nas articulações. A chikungunya já apresenta uma dor mais intensa nas articulações, mas o mais importante para a população é que, na manifestação desses sintomas, procurar imediatamente uma Unidade Básica de Saúde (UBS). A UBS vai, através dos profissionais capacitados e de alguns exames que são relativamente simples, por exemplo, um hemograma, dar a melhor condução ao caso”, afirma Fabiano Geraldo Pimenta Junior.
Fique atento! Dor intensa na barriga e contínua, vômitos persistentes, sangramento no nariz ou gengiva, tontura e cansaço são sinais de alarme da dengue.
Pessoas com dengue grave, por sua vez, costumam apresentar sangramento intenso, queda de pressão e desmaio, dificuldade para respirar, confusão mental, agitação e desorientação. Caso sinta algum desses sintomas, o Ministério da Saúde adverte: procure uma Unidade de Saúde imediatamente.
Hidratação
Fabiano explica que uma das principais características das arboviroses, como é o caso da dengue, é o extravasamento do plasma do sangue, ou seja, que sai dos vasos em direção aos tecidos, o que pode levar a uma série de outras complicações. Por isso, manter-se hidratado também ajuda na recuperação e previne casos graves da doença.
A quantidade de água e outros líquidos a ser ingerida vai variar de pessoa para pessoa, e depende de orientação médica, explica o secretário, mas o que não muda é a necessidade de hidratação constante.
Automedicação
Não tomar remédio por conta própria é outra dica importante das autoridades de saúde para as pessoas que estiverem com sintomas de dengue. Tomar remédio por conta própria, pode, na verdade, atrapalhar a recuperação do paciente, levando a complicações que teriam sido evitadas com a simples orientação de um profissional de saúde.
“Uma pessoa que está com dengue e faz uso, por exemplo, de ácido acetilsalicílico, que muitas pessoas tomam para o tratamento de doenças cardíacas, e aumenta a ingestão desse medicamento, pode propiciar, por exemplo, hemorragias, que é um dos fatores relacionados à dengue. A automedicação tem que ser evitada”, orienta Fabiano Geraldo.
Prevenção
Embora bastante conhecidas da população, as medidas de prevenção ao aedes aegypti continuam fundamentais para evitar a proliferação da doença.
Confira algumas dicas para eliminar os criadouros do mosquito.
• Guarde de cabeça para baixo potes e vasos;
• Descarte garrafas PET e outras embalagens sem uso;
• Coloque areia nos pratos de vasos de planta;
• Guarde pneus em locais abertos ou descarte em borracharias;
• Mantenha a caixa d’água, os tonéis ou outros reservatórios de água limpos e bem fechados;
• Não acumule sucata e entulho;
• Limpe bem as calhas de casa e lajes.
Alerta contínuo
No ano passado, o Brasil registrou 6,6 milhões casos suspeitos de dengue, 6.239 óbitos confirmados e 455 em investigação. Entre as principais causas para o avanço da doença estavam anomalias nos padrões de temperatura e chuvas, decorrentes dos impactos do fenômeno climático El Niño e da ação humana sobre o meio ambiente, aponta o Ministério da Saúde. Além do Brasil, diversos países, especialmente das Américas, viram o número de casos subir.
Nos dois primeiros meses de 2025, o número de casos no país caiu quase 72%, frente ao mesmo período do ano passado. Embora isso demonstre que as medidas de enfrentamento adotadas pelas autoridades de saúde federais, estaduais e municipais surtiram efeito, o Ministério da Saúde alerta que é necessário dar continuidade às medidas de enfrentamento à doença.
Estratégia de enfrentamento
Desde que ativou o Centro de Operações de Emergências para Dengue e outras arboviroses (COE-Dengue), o Ministério da Saúde intensificou as ações para conter o avanço das arboviroses.
Visitas técnicas a estados e municípios para reforçar a vigilância e o controle da doença; distribuição de 4,5 milhões de testes de diagnóstico para dengue, priorizando localidades com menor acesso a laboratórios; expansão do método Wolbachia para 44 cidades em 2025; reuniões ampliadas do COE com representantes da sociedade civil, sindicatos, federações e entidades científicas; e mobilização em escolas, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), para conscientizar crianças e jovens sobre a prevenção, estão entre as iniciativas adotadas.
Para mais informações, acesse o site gov.br/mosquito.
Fonte: Brasil 61