SÃO PAULO: estado registra 721 mil casos e mais de 600 óbitos por dengue em 2025
De olho nos municípios com alta transmissão da doença ou número de casos em ascensão em 2025, o Ministério da Saúde iniciou novas ações de enfrentamento à dengue em cento e quatorze cidades de São Paulo
Por Jornal Liberdade 33 min de leitura
O número de casos prováveis de dengue no estado de São Paulo caiu de 1.585.709, no ano passado, para pouco mais de 721.519 mil, este ano, apontam os dados do Ministério da Saúde até a 19ª Semana Epidemiológica — de janeiro a 10 de maio. A quantidade de óbitos também caiu: de 1.590 para 607.
No entanto, a redução dos casos de dengue não é motivo para que gestores, agentes de saúde e a população paulista baixem a guarda no enfrentamento ao aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e de outras arboviroses.
O secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde, Fabiano Geraldo Pimenta Junior, lembra que o enfrentamento efetivo às arboviroses depende do trabalho conjunto do poder público e da população.
“Que numa ação sinérgica, apoiados pelo Ministério da Saúde, estados e municípios, nós possamos garantir a continuidade das ações de orientação da população, mantendo a ação dos agentes, visitando as casas, avaliando se tem criadouros potenciais do mosquito aedes aegypti, para que quando retornarem as chuvas e outras condições mais favoráveis à transmissão da doença, nós tenhamos baixa infestação e, portanto, menor possibilidade de ocorrência de epidemias”, diz.
Mapa da dengue em São Paulo
De acordo com o Painel de Monitoramento de Arboviroses, São Paulo lidera o ranking nacional de incidência de casos prováveis de dengue, com 1.569,4 casos prováveis a cada 100 mil habitantes, e de casos graves e com sinais de alarme, com 13.413 registros.
Não à toa, é o estado que tem o maior número de municípios-alvo das novas ações de enfrentamento à dengue adotadas pelo Ministério da Saúde. Dos 312 municípios brasileiros escolhidos pela pasta, 114 estão em São Paulo.
O Ministério da Saúde decidiu ampliar as ações prioritárias de enfrentamento à dengue para 312 municípios brasileiros porque essas localidades registram alta transmissão da doença ou número de casos em ascensão.
Em São Paulo, três microrregiões concentram a maior parte de municípios-alvo das ações prioritárias. A microrregião de Campinas tem 10 cidades com alta transmissão ou número de casos em ascensão. É o caso, por exemplo, do município de Campinas, que registra mais de 31 mil casos prováveis e três mortes pela dengue.
Integrante da mesma microrregião, Sumaré contabiliza 4,8 mil casos prováveis e 9 mortes por dengue, enquanto o município de Americana soma 8,3 mil ocorrências prováveis e 25 óbitos.
Já a Região Metropolitana de São Paulo conta com sete municípios priorizados pelo Ministério da Saúde. A capital paulista registra 49,9 mil casos prováveis e 10 mortes por dengue, em 2025. A situação em São Bernardo do Campo também exige atenção, pois o município contabiliza mais de 2,5 mil ocorrências.
A microrregião de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, também sofre com o avanço da doença. Sete municípios têm alta transmissão ou número de casos em ascensão. A própria cidade de Osasco contabiliza 6,9 mil casos prováveis e três mortes pela dengue.
Na região sudoeste paulista, Sorocaba já registrou, até a semana epidemiológica 19 deste ano, 10,7 mil casos prováveis, com 9 óbitos confirmados em decorrência da dengue. Diante do cenário na cidade, a família do engenheiro civil Jean Carlos Sanches, de 27 anos, tem se prevenido para evitar os focos do mosquito transmissor da dengue, o aedes aegypti, dentro de casa. “Na nossa casa, tomamos alguns cuidados para evitar a proliferação do mosquito da dengue, principalmente na parte das plantas. Não utilizamos mais aquele pratinho que costuma acumular água, as garrafas quando precisam ser armazenadas por algum período, até serem destinadas ou descartadas, são guardadas viradas para baixo. Não costumamos deixar recipientes que possam acumular água, principalmente neste momento que está tendo uma epidemia de dengue na região”, relata o morador de Sorocaba.
Atendimento precoce
O Ministério da Saúde lembra que a dengue tem como principais sintomas febre alta — entre 39º C e 40º C —, dores de cabeça e/ou atrás dos olhos; dor nas articulações; manchas vermelhas na pele; além de moleza e enjoo.
Ao sentir algum desses sintomas, procure uma unidade de saúde imediatamente e evite possíveis internações. O tratamento precoce é fundamental para evitar que a doença se agrave ou leve à morte.
“Começou a sentir febre, dor no corpo, dor nas articulações, conhecendo também se no seu ambiente de trabalho ou na sua vizinhança está ocorrendo dengue ou chikungunya, procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) para uma primeira avaliação. Ir à UBS resolve até 90% dos casos”, afirma Fabiano Geraldo Pimenta Junior.
Fique atento! Dor intensa na barriga vômitos persistentes, sangramento no nariz ou gengiva, tontura e cansaço são sinais de alarme da dengue.
Pessoas com dengue grave, por sua vez, costumam apresentar sangramento intenso, queda de pressão e desmaio, dificuldade para respirar, confusão mental, agitação e desorientação. Caso sinta algum desses sintomas, o Ministério da Saúde adverte: Procure uma Unidade de Saúde imediatamente.
Hidratação
Fabiano explica que uma das principais características das arboviroses, como é o caso da dengue, é o extravasamento do plasma do sangue, ou seja, que sai dos vasos em direção aos tecidos, o que pode levar a uma série de outras complicações. Por isso, manter-se hidratado também ajuda na recuperação e previne casos graves da doença.
A quantidade de água e outros líquidos a ser ingerida vai variar de pessoa para pessoa, e depende de orientação médica, explica o secretário, mas o que não muda é a necessidade de hidratação constante.
Automedicação
Não tomar remédio por conta própria é outra dica importante das autoridades de saúde para as pessoas que estiverem com sintomas de dengue. Tomar remédio por conta própria, pode, na verdade, atrapalhar a recuperação do paciente, levando a complicações que teriam sido evitadas com a simples orientação de um profissional de saúde.
“Uma pessoa que está com dengue e faz uso, por exemplo, de ácido acetilsalicílico, que muitas pessoas tomam para o tratamento de doenças cardíacas, e aumenta a ingestão desse medicamento, pode propiciar, por exemplo, hemorragias, que é um dos fatores relacionados à dengue. A automedicação tem que ser evitada”, orienta Fabiano Geraldo.
Prevenção
Embora bastante conhecidas da população, as medidas de prevenção ao aedes aegypti continuam fundamentais para evitar a proliferação da doença.
Confira algumas dicas para eliminar os criadouros dodo mosquito.
• Guarde de cabeça para baixo potes e vasos;
• Descarte garrafas PET e outras embalagens sem uso;
• Coloque areia nos pratos de vasos de planta;
• Guarde pneus em locais abertos ou descarte em borracharias;
• Mantenha a caixa d’água, os tonéis ou outros reservatórios de água limpos e bem fechados;
• Não acumule sucata e entulho;
• Limpe bem as calhas de casa e lajes.
Alerta contínuo
No ano passado, o Brasil registrou 6,6 milhões casos suspeitos de dengue, 6.239 óbitos confirmados e 455 em investigação. Entre as principais causas para o avanço da doença estavam anormalidades nos padrões de temperatura e chuvas, decorrentes dos impactos do fenômeno climático El Niño e da ação humana sobre o meio ambiente, aponta o Ministério da Saúde. Além do Brasil, diversos países, especialmente das Américas, viram o número de casos subir.
Nos dois primeiros meses de 2025, o número de casos no país caiu quase 72%, frente ao mesmo período do ano passado. Embora isso demonstre que as medidas de enfrentamento adotadas pelas autoridades de saúde federais, estaduais e municipais surtiram efeito, o Ministério da Saúde alerta que é necessário dar continuidade às medidas de enfrentamento à doença.
Estratégia de enfrentamento
Desde que ativou o Centro de Operações de Emergências para Dengue e outras arboviroses (COE-Dengue), o Ministério da Saúde intensificou as ações para conter o avanço das arboviroses.
Visitas técnicas a estados e municípios para reforçar a vigilância e o controle da doença; distribuição de 4,5 milhões de testes de diagnóstico para dengue, priorizando localidades com menor acesso a laboratórios; expansão do método Wolbachia para 44 cidades em 2025; reuniões ampliadas do COE com representantes da sociedade civil, sindicatos, federações e entidades científicas; e mobilização em escolas, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), para conscientizar crianças e jovens sobre a prevenção, estão entre as iniciativas adotadas.
Para mais informações, acesse o site gov.br/mosquito.
Fonte: Brasil 61