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Brasil na contramão: a urgência de reverter a estagnação produtiva

Coluna

Por Jornal Liberdade 10 min de leitura

Por Jorge Amaro Bastos Alves*

Enquanto o mundo avança, o Brasil parece estacionado. Desde os anos 1980, a produtividade do trabalhador brasileiro permanece praticamente estagnada, contrastando com o crescimento expressivo observado em países como China, Coreia do Sul e Estados Unidos.
Produtividade do trabalho, aqui, refere-se à quantidade de bens e serviços produzidos por um trabalhador em determinado período de tempo, geralmente medido por hora. Quanto maior essa produtividade, maior a capacidade de gerar riqueza, melhorar salários e sustentar o crescimento econômico. Por isso, é um dos principais indicadores de eficiência de uma economia.
Em 1980, a produtividade do trabalhador brasileiro era 670% superior à do trabalhador chinês. No entanto, em 2013, essa realidade se inverteu: a produtividade brasileira passou a ser 18% inferior à chinesa. Enquanto a eficiência dos trabalhadores chineses cresceu 895% nesse período, a dos brasileiros aumentou apenas 6%.
A Coreia do Sul oferece outro exemplo marcante. Em 1980, os níveis de produtividade do trabalho no Brasil e na Coreia eram semelhantes. Desde então, a Coreia experimentou um crescimento acelerado, atingindo, em 2011, uma produtividade 3,3 vezes maior que a brasileira.
Atualmente, um trabalhador brasileiro produz, em média, o equivalente a 20 dólares por hora trabalhada. No Chile, esse valor é de 34 dólares; na Coreia do Sul, 52 dólares; e nos Estados Unidos, 84 dólares.
Essa estagnação não se deve à falta de esforço dos trabalhadores, mas a fatores estruturais persistentes: baixa qualificação da mão de obra, infraestrutura deficiente, sistema tributário disfuncional e ambiente regulatório sufocante. A soma de impostos, encargos e burocracia inibe o empreendedorismo, trava a inovação e desalenta investimentos. O país é ainda refém de um modelo em que o Estado é pesado e ineficiente, interferindo demais onde não deve e entregando de menos onde é essencial.
É imperativo que o Brasil avance rumo a um ambiente de liberdade econômica real, com menos interferência estatal, menos carga tributária e mais espaço para a iniciativa privada prosperar. Educação de qualidade, infraestrutura moderna e incentivos à inovação são fundamentais — mas precisam vir junto com desregulamentação, segurança jurídica e simplificação tributária. Sem isso, continuaremos atolados.
Como afirmou Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA, “a questão central não é se o governo é grande ou pequeno, mas se ele funciona.” E no caso do Brasil, o que temos é um Estado que atrapalha mais do que ajuda — o que nos obriga a repensar urgentemente sua função. O Brasil precisa de um Estado enxuto e funcional, que liberte o setor produtivo em vez de asfixiá-lo. Sem produtividade, não há competitividade. E sem competitividade, não há futuro.
*Economista