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Sesquicentenário de São Bento do Sul

Edmund Burke já o dizia: “O povo que não conhece a própria história está fadado a repeti-la”. Com certeza, o político e pensador irlandês buscava alertar os cidadãos para o “desperdício da experiência” (Boaventura de Sousa Santos, intelectual português), mostrando-lhes que o tempo pretérito é lição valiosa, na acepção de evitar reiterar atitudes já reprovadas […]

Por Israel Minikovsky 14 min de leitura

Edmund Burke já o dizia: “O povo que não conhece a própria história está fadado a repeti-la”. Com certeza, o político e pensador irlandês buscava alertar os cidadãos para o “desperdício da experiência” (Boaventura de Sousa Santos, intelectual português), mostrando-lhes que o tempo pretérito é lição valiosa, na acepção de evitar reiterar atitudes já reprovadas pela prática. Aliás, o conselho de Burke é um puxão de orelha para o brasileiro em geral. Todavia, quando o recorte é o cidadão são-bentense, o mesmo aforismo necessita ser reinterpretado. Isto porque a nossa história não é marcada predominantemente pelos desencontros e trapalhadas, do contrário, nosso caminho e nossa luta têm sido de vitória e sucesso. Mais que herdeiros de patrimônios materiais, o que de melhor recebemos tem sido o exemplo do trabalho duro, sério e honesto. A maneira que encontramos de engrandecer este gentílico – são-bentense – foi por meio da iniciativa e vontade firme e dirigida para objetivos elevados. Já em tom de anedota, de “tanso”, além do trote, não temos absolutamente nada. É acordando cedo e mantendo o olhar no horizonte que, de batalha em batalha, temos tido avanços. Os nossos segredos são estes: 1) o que existe, concretamente, é trabalho; 2) o são-bentense acredita no são-bentense; 3) o são-bentense acredita em São Bento do Sul. Colocamos a cabeça no travesseiro e logo adormecemos, bebemos um caneco de chopp com tranquilidade, porque a nossa consciência nos informa de que somos merecedores disso tudo. Precisamos, deveras, conhecer a nossa história. Malgrado, não para evitar que ela se repita. Inversamente, devemos conhecer a nossa história, justamente para repeti-la. É muito útil aproximar-se do perfil de pessoas e modelos vitoriosos para bem reproduzi-los. Sem embargo, a mais rica história, integrada pelos mais inusitados fatos, nada é, a não ser que alguém se disponha descrevê-la e narrá-la. Daqui emerge a noção capital de que devemos valorizar nossos historiadores locais. Dentre os quais, elencaria, Carlos Ficker, Osny Vasconcellos, Arthur Pfützenreuter, Carlos Augusto Campestrini, Antônio Dias Mafra, Wilson de Oliveira Neto, José Kormann, sem prejuízo de tantos outros nomes que, igualmente, mereceriam estar aqui e não estão por desconhecimento deste articulista. Desbravando sertões, desafiando densas matas e aguaceiros, contando inicialmente com poucos recursos e parcas tecnologias, expostos a ataques de bugres e picadas de formas vitais peçonhentas, a tudo vencemos pelo entusiasmo e fé no Ser Supremo. Num tempo em que simplesmente sobreviver já era uma tremenda vitória, fizemos acontecer o impossível. E esse espírito audaz e realista é o que nos move até hoje, sem nunca esmorecer, sem nunca desfalecer. Como expressou a canção do poeta Raul Seixas “se é de é de batalhas que se vive a vida”. Nossos ancestrais costumavam dizer “Aller Anfang ist schwer”. Assim sendo, se o pior ou a etapa mais difícil nós já superamos, doravante, ninguém mais nos segura. Todo aquele que tenciona homenagear os imigrantes e pioneiros, deve proceder desta maneira: fazer o que eles fizeram, viver como eles viveram, pensar como eles pensaram. Afinal, nossa tradição é continuamente inovar, revolucionar, trabalhar e empenhar-se sem medida ou reserva. Este sesquicentenário é o primeiro de tantos outros. Sejamos luz para os pósteros, assim como nos alumiaram as primeiras gentes que soalharam esta terra, cujo testemunho é uma verdadeira inspiração. Nada é fácil, nada é impossível, tudo requer paciência e é muito trabalhoso. A persistência aliada ao trabalho vence tudo. Século e meio foi tempo suficiente para substituir fauna e flora virgem por uma civilização pujante, veloz, dinâmica e sintonizada com os movimentos de ponta da humanidade do século vinte e um. Não por nada que, nas últimas décadas, São Bento do Sul tem sido anfitriã de pessoas oriundas de outros municípios, Estados e até de outros países. Obrigado, Deus, por sermos luz!

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