Página Inicial | Colunistas | E Agora, Brasil? – Um Poema Sobre o Peso do Estado e a Ilusão do ProgressoPor Jorge Amaro Bastos Alves*

E Agora, Brasil? – Um Poema Sobre o Peso do Estado e a Ilusão do ProgressoPor Jorge Amaro Bastos Alves*

Coluna

Por Jornal Liberdade 14 min de leitura

O poema a seguir é uma síntese poética e crítica inspirada em reflexões sobre o Estado brasileiro, escrita originalmente em um artigo acadêmico publicado em coautoria com Walter M. K. Birkner no Journal of Emerging Economies and Policy sob o título “Reflections on Patrimonialism and Crony Capitalism in the Brazilian State” disponível em https://dergipark.org.tr/en/download/article-file/1367557
Transformado em verso por Zenici Dreher Herbst**, o conteúdo traduz com sensibilidade e precisão os traços de um modelo estatal que, embora modernizado na forma, segue prisioneiro de práticas extrativistas, patrimonialistas e clientelistas herdadas desde o período imperial.
Num país em que a carga tributária cresce junto com a desconfiança nas instituições, e o Estado se expande mais por inércia do que por estratégia, este poema ecoa uma pergunta urgente: para onde vamos, afinal?

E agora, Brasil?
Essa história não é de hoje
Desde o Império está igual
O sustento do Estado
É o extrativismo estatal
Estrutura patrimonialista
Desde a Constituição
Preservando os interesses
Dos operadores em ação
A situação é notada
Com muitas objeções
Pois a estrutura é sustentada
Devido às exportações
Além da extração de riquezas
Da sociedade produtiva
O sistema de Governo
Evita ação efetiva
Não é só questão partidária
Os dados mostram verdade
É a carga tributária
Imposta à sociedade
O sistema partidário
No Brasil é sem igual
Desde o paternalismo
E também assistencial
Além de centralizador
O extrativismo é o principal
A partir da Carta Magna
Em nome do Estado Social
Justificam-se os serviços
Para um tamanho sem igual
Contudo os dados mostram
A vergonha para a Nação
A corrupção sistemática
Nos moldes do Mensalão
Com 32,6% do PIB
A arrecadação é notável
Mas o retorno em serviços
Pelos dados é questionável
Apresenta-se a maior crítica
Para o desenvolver Nacional
Do liberalismo econômico
Com menos viés Estatal
Governos aumentam a estrutura
E o gasto em tempos de bonança
Sem contrapartida sustentável
Isso gera desconfiança
Pois trata-se de protagonismo
Que logram formas iludidas
Ao discursar que as crises
Pelo Governo combatidas
A partir de 2015
Este panorama mudou
Dados mostram a maior crise
Que o país já mergulhou
A transferência de renda
Para os problemas sociais
Pauta-se em todos os governos
A inclusão dos desiguais
Mas ainda é necessário
Soluções estruturais
E o modelo do salário
Perante a Lei Trabalhista
É um dos mais tributados
Pelo olhar do economista
E os Governos que se sustentam
Com recursos naturais
Não percebem as armadilhas
Comerciais e industriais
Estão mal acostumados
Isto é muito lamentável
Pois protelam estratégias
Para desenvolver sustentável
Medidas são necessárias
Revisão Constitucional
Reformas na Política e
Na Previdência Social
Pois não existe almoço grátis
No Estado de Bem Social
Pois tudo tem um limite
Para o Desenvolver Nacional
A economia precisa crescer
De forma sustentável
Combater a corrupção
é o caminho inegociável
Portanto as Ciências Sociais
Deveriam levar a sério
A crítica do liberalismo econômico
Pois não há nenhum mistério
Para crescer a Economia
E desenvolver a Nação
Desde o âmbito local
Necessário menos Estado
e arrebatar na gestão

Do verso à urgência de ação
O poema nos conduz por uma crítica contundente, onde cada estrofe revela as contradições e limites do modelo estatal brasileiro. Mas mais do que denúncia em forma de rima, o texto escancara a necessidade de mudança — uma urgência que não pode mais ser ignorada.
Num momento em que o Brasil vive as consequências de décadas de hipertrofia estatal, baixa produtividade e um modelo de desenvolvimento baseado em ciclos de commodities e políticas assistencialistas, a poesia aqui apresentada é mais do que forma estética: é denúncia e apelo.
É preciso coragem intelectual e política para enfrentar os vícios históricos e construir, finalmente, um Estado mais eficiente, menos extrativista e mais comprometido com resultados.
Que o verso inspire o debate. E o debate, a transformação.

Economista, ** Assistente Social