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Justiça manda quatro para a cadeia, com até 65 anos de pena

Crime julgado – um homicídio – ocorreu na noite de 22 de julho de 2016

Por Da Redação 16 min de leitura

Segundo o MPSC, grupo teria agido motivado por vingança após uma briga ocorrida em um bar

Eram sete e meia da manhã do dia 24 quando a família de Gean Robert Gonçalves Wolski, vítima de um homicídio, realizou uma manifestação pacífica na entrada do Fórum da Comarca de Mafra. Familiares e amigos se reuniram clamando por justiça. 

Vestindo camisetas brancas estampadas com a foto do jovem e a palavra ”Justiça”, os manifestantes formaram um corredor silencioso, segurando cartazes com mensagens de dor, saudade e esperança. O clima era de emoção e respeito. A manifestação foi organizada pela mãe da vítima como forma de homenagear sua memória. ”Espero que a justiça divina seja feita pelas mãos dos homens”, disse Rose Bueno de Lima. 

Era um momento de esperança para os familiares. Ao completar nove anos da data do crime, o julgamento dos quatro homens, denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por envolvimento em um ataque armado que resultou na morte do jovem Gean e deixou outras duas pessoas feridas, estava marcado e iniciaria às 9 horas de quinta-feira (25). O crime que tirou a vida da vítima ocorreu na noite de 22 de julho de 2016, no bairro Amola Flecha, em Mafra. 

Regime fechado
Após dois dias de julgamento, os quatro homens foram condenados. Segundo divulgou o MPSC, as penas para cada os réus Alisson Passerino Costa, Luciano Carneiro de Souza Junior, Adilson Costa e Ademir Mamede foram fixadas, respectivamente, em 60 anos de reclusão, 65 anos de reclusão, 59 anos e quatro meses de reclusão e 60 anos de reclusão, todos em regime inicial fechado – que podem ser objeto de reforma nas instâncias superiores.

A ação penal pública ajuizada pela 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mafra descreve que o grupo teria agido motivado por vingança após uma briga ocorrida no interior de um bar, envolvendo um dos réus e a vítima Gean. Após o desentendimento, Alisson e Ademir deixaram o local e se reuniram com os outros dois para planejar e executar o ataque contra as vítimas. 

Matagal
Consta na peça acusatória que, armados, os quatro se posicionaram em um matagal próximo à residência das vítimas e atiraram contra Gean, seu pai e o amigo, que haviam retornado do bar. O jovem morreu no local, enquanto o pai e o amigo sofreram ferimentos graves, mas sobreviveram após receberem atendimento médico. A denúncia narra ainda que os disparos foram realizados pelas costas, impossibilitando qualquer reação das vítimas. 

As promotoras Rayane Santana Freitas e Fernanda Priorelli Soares Togni atuaram na sessão do Tribunal do Júri e demonstraram, durante os debates entre acusação e defesa, as provas que confirmaram a autoria dos atos criminosos.

“O Ministério Público buscou não apenas realizar a justiça no caso concreto, mas dar respaldo jurídico à família das vítimas. Para isso, além da sustentação em plenário dos elementos de prova presentes nos autos, produziu provas na fase judicial e acolheu os familiares da vítima Gean e as vítimas Osvaldir e Celito”, sustentou Rayane Santana Freitas. 

Sobreviventes
A promotora Fernanda Priorelli Soares Togni argumentou que “após longos nove anos, a família da vítima Gean e as vítimas sobreviventes tiveram a resposta que esperavam. Foram dois dias longos e exaustivos, especialmente para os jurados, mas o Conselho de Sentença mostrou, uma vez mais, que a sociedade catarinense não tolera comportamentos como os dos réus, mesmo anos depois da prática dos crimes”.

Após os debates, os jurados foram convocados para a votação e o veredito. O Conselho de Sentença acolheu as teses das representantes do MPSC e condenou os acusados. Eles responderam a todo o processo em liberdade, mas o Juízo da Vara Criminal da Comarca de Mafra aplicou a tese de repercussão geral fixada pelo STF.

Segundo essa repercussão, “a soberania dos veredictos do Tribunal do Júri autoriza a imediata execução de condenação imposta pelo corpo de jurados, independentemente do total da pena aplicada”. Assim, os réus foram presos imediatamente após a sessão do Tribunal do Júri. Também foi negado a eles o direito de recorrer em liberdade. A mãe da vítima comemorou a decisão e destacou que “é um alívio após uma espera de nove anos. Eu sabia que Deus moveria céu e terra para fazer justiça e ela foi feita”.