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Símbolo moveleiro da região vai a leilão

Imóveis são avaliados em mais de R$ 20 milhões

Por Da Redação 16 min de leitura

Rauen Industrial Madeireira marcou o desenvolvimento econômico e industrial do Planalto Norte

Um leilão judicial envolvendo imóveis avaliados em mais de R$ 20 milhões deve encerrar uma das mais antigas e complexas falências do setor madeireiro de Santa Catarina. Os ativos a serem leiloados pertencem à Rauen Industrial Madeireira que, por décadas, foi símbolo do desenvolvimento econômico e industrial do norte catarinense.

A primeira etapa do leilão começa no dia 8 de agosto e acontece de forma totalmente digital, por meio da plataforma Positivo Leilões. O principal objetivo da iniciativa é destinar os valores arrecadados para a quitação de um passivo que ultrapassa R$ 37 milhões, priorizando especialmente o pagamento de ex-funcionários, que aguardam há décadas pela regularização de seus direitos trabalhistas.

Quatro lotes
O leilão reúne quatro lotes, divididos entre dois imóveis urbanos e dois rurais. Entre eles, estão uma ampla área de mais de 207 mil m², com lance inicial de R$ 15,6 milhões, e um terreno urbano de 10 mil m², avaliado em R$ 1,5 milhão. Ambos estão localizados no bairro Jardim América, próximo à Rodovia Régis Bittencourt, e são considerados ideais para novos projetos de incorporação imobiliária.

No segmento rural, está disponível uma propriedade de quase 25 hectares voltada à produção agrícola, situada nas proximidades do km 153 da Rodovia Governador Luiz Henrique da Silveira, região com forte presença agroindustrial. O lance inicial desse imóvel é de R$ 2 milhões. Completa o conjunto uma área de mais de 31 hectares destinada à preservação ambiental, avaliada em R$ 972 mil.

Habilitados
Segundo o leiloeiro público Erick Soares Teles, responsável pela condução do certame, o mercado já demonstra forte interesse. Até o momento, cerca de 21 interessados já se habilitaram na plataforma. “São ativos raros, imóveis com grande potencial e excelente localização. Isso explica o grande interesse na disputa”, destaca.

Ele acrescenta: “Essas áreas oferecem uma gama de possibilidades, desde novos empreendimentos imobiliários, até a expansão de atividades agrícolas ou mesmo para quem precisa de uma área de preservação ambiental para fins de regularização”.

Reparação
A advogada e administradora judicial, Giovanna Vieira Portugal Macedo, comenta que o leilão não apenas caminha para o encerramento da falência, mas também é um passo importante para promover uma reparação histórica.

“Nosso objetivo é que a venda desses bens seja bem-sucedida, o que vai viabilizar o pagamento dos credores que aguardam desde 1995 para receber o que lhes é devido, em especial a classe trabalhista, composta por um grande número de pessoas. Desde que assumimos como administradores judiciais, trabalhamos para que este processo seja encerrado o quanto antes e que os imóveis arrecadados sejam efetivamente utilizados para quitar essas dívidas”, afirma.

Legislação
“A possibilidade de conclusão deste processo mostra a relevância das varas especializadas, que proporcionaram ao Judiciário instrumentos mais modernos, céleres e eficazes. Após décadas de tramitação e inúmeros desafios jurídicos e econômicos, a realização do leilão representa não apenas o cumprimento da legislação falimentar, mas, acima de tudo, uma resposta concreta à sociedade e aos credores que aguardam há anos por este desfecho “, declara a juíza Aline Mendes de Godoy da Vara de Falências e Recuperações Judiciais e Extrajudiciais de Concórdia.

Do auge à falência
Fundada por José Alfredo Rauen, a Rauen Industrial Madeireira foi referência no setor madeireiro do Norte Catarinense durante as décadas de 1970 e 1980. Atuando nos segmentos de serraria, laminados, compensados, beneficiamento de madeiras, fábrica de móveis, comércio de compra e venda de madeira e produção de bobinas para condutores elétricos e cabos telefônicos, a empresa impulsionou a urbanização do entorno de Mafra e chegou a empregar cerca de 600 pessoas, figurando como uma das maiores do município na época.

Porém, dificuldades financeiras e disputas judiciais iniciadas em 1995 resultaram primeiro em um pedido de concordata preventiva (hoje chamada recuperação judicial) e culminaram na decretação da falência em 2005. O processo atravessou mudanças legislativas e administrativas ao longo dos anos, tornando-se um dos casos mais emblemáticos da história da Vara Regional de Falências de Concórdia.